O programa Summer School da Michelangelo Foundation convida jovens criativos a descobrirem a arte do metal em Portugal, de 11 a 23 de julho de 2021

· Os cursos permitirão trabalhar com metal e são realizados nas oficinas da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva em Lisboa e nas oficinas do espaço Loulé Criativo no Algarve
· O programa de dez dias, convida dez alunos de nove países europeus a experimentarem diversas técnicas de ofícios tradicionais relacionadas com o metal, sob a orientação de mestres artesãos
· Obras de arte contemporânea resultarão de forma colaborativa através do diálogo frutuoso entre jovens designers, mentores do design, como o designer Sam Baron, e mestres artesãos, permitindo revisitar e reinterpretar técnicas ancestrais
· A missão do programa consiste em promover e permitir a troca criativa, a inovação e o design sustentável através da reimaginação de técnicas tradicionais usadas para criar peças em metal

O Programa Summer School é uma das iniciativas educacionais da fundação, que visa financiar e envolver uma geração de jovens criativos com talento, criando oportunidades para estudar ofícios tradicionais muitas vezes em perigo de extinção por não estarem incluídas na formação do ensino regular. Ao identificar áreas de necessidade, o impacto é profundo: alargando os horizontes de designers e artesãos emergentes, assegurando a transmissão vital de competências técnicas e introduzindo inovação nas atividades de ofícios tradicionais através de encontros colaborativos. Esta abordagem circular destina-se a impulsionar a mudança, dando novo fôlego a estas atividades ancestrais e inspirando a próxima geração de criadores e designers a concretizarem o seu potencial como futuros participantes nos projetos da fundação e como precursores nas suas respetivas áreas.

O curso deste ano, intitulado Metal in Loulé foi desenvolvido pela Michelangelo Foundation em parceria com a Câmara Municipal de Loulé, a Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva e a Passa Ao Futuro com o apoio da Altermind e acolhido no espaço Loulé Criativo.




Os dez alunos participantes foram selecionados na sequência de um concurso aberto, que recebeu um elevado número de candidaturas. O grupo final vem de nove países europeus: Bélgica, Bulgária, França, Itália, Letónia, Polónia, Portugal, Eslováquia e Espanha. Os primeiros dois dias do curso decorrem nas oficinas da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva (FRESS) em Lisboa, descobrindo as três técnicas de fundição e latoaria. Os alunos viajam depois para o espaço Loulé Criativo no sul, um projeto de residência criado pela Câmara Municipal de Loulé para explorar as técnicas da filigrana, cobre martelado, cinzelagem e trabalhos em metal. Na última semana, os alunos irão especializar-se numa técnica específica e depois trabalharão juntos para dar vida a novos objetos.

A técnica de cinzelagem é ensinada por Beatriz Canha, o trabalho em metal por Luis Figueiredo, a latoaria por Ivo Ferreira, o cobre martelado por Analide Carmo e Jürgen Cramer, e a filigrana por Conceição Neves. O curso oferece uma oportunidade inestimável para uma geração mais jovem descobrir e aprender técnicas ancestrais, proporcionando simultaneamente a possibilidade de os mestres artesãos conhecerem novas visões, perspetivas e ideias de design. Esta troca criativa e colaborativa ocorrerá através da criação de objetos em conjunto, produzidos juntamente pelos alunos e os mestres artesãos. Os supervisores do processo são os mentores de design Henrique Ralheta e Fatima Durkee com o designer convidado Sam Baron e será realizada uma visita inspiradora à galeria Made in Situ de Noé Duchaufour-Lawrance. Os objetos contemporâneos serão feitos à mão com os seguintes temas em mente: tempo, valor, resiliência e sustentabilidade material. O objetivo consiste em fazer com que os protagonistas do curso considerem a aplicação das técnicas ancestrais do trabalho em metal no contexto do Séc. XXI e além, com o intuito de criar peças intemporais e funcionais para serem apreciadas por futuras gerações.



Hiago Teixeira, aluno de Design de Produtos Português, exprimiu as suas reflexões sobre a colaboração:

"A troca entre artesãos, designers e arquitetos tem uma importância fundamental para a evolução do lento processo de revalorização das atividades artesanais e pode certamente gerar resultados com impacto na sociedade, em termos de consumo e produção, na economia e no ambiente."

Um exemplo recente de colaboração criativa de sucesso é a parceria do latoeiro Português José Vieira com o designer Alemão Christian Haas para a Doppia Firma 2019, uma iniciativa apoiada pela Michelangelo Foundation. A fundação procura constantemente novas formas de inovar o artesanato ancestral e de unir novas e antigas gerações para assegurar o futuro das atividades artesanais na cultura contemporânea.